Robôs por todos os lados? Gadgets complicados na  mão das crianças? Conheça os mitos e verdades sobre a tecnologia no  cotidiano japonês.

Pense na seguinte cena: você está passeando tranquilamente por um  ponto turístico brasileiro quando, de repente, se depara com uma pessoa  com uma “super-hiper-mega máquina fotográfica”, capturando as mais  diversas cenas com a família. Sinceramente: esta pessoa tinha olhinhos  puxados ou não?
Quando falamos da cultura japonesa, a tecnologia é parte fundamental  da conversa, seja devido às últimas novidades que saíram no mercado  (claro, que são vendidas primeiramente por lá), ou outras informações que circulam no mundo sobre as novas tecnologias que aparecem por ali. Porém, assim como o cidadão que está tirando fotos com a família pode  muito bem ser um bom e velho brasileiro em férias, o Japão também não é  necessariamente o país “cercado de tecnologia por todos os lados”.
Para desmistificar as principais ideias que nós, brasileiros (e boa  parte do mundo) temos sobre o Japão e o cotidiano da tecnologia, o  Baixaki conversou com uma turma que já esteve (e ainda está) na terra  dos olhos puxados e que conta, com detalhes, que as coisas não são  exatamente como imaginamos por aqui.
Um robô em cada esquina
A primeira conversa que já cai por terra é a aquela em que os robôs  estão em todos os lados, recepcionando você em grandes corporações ou  abrindo as portas de hotéis e shoppings das redondezas.
Esqueça essa ideia. De acordo com Diogo e Michele Tsuneta, que moram  em uma pequena cidade japonesa, robôs, só em exposições. Portanto, nem  pense em ir para lá ver um grande robô do tamanho da estátua da  liberdade cumprimentando você na chegada, ou lutas muito doidas entre  robôs de filmes de ficção no meio da rua, porque isso não vai acontecer.
De acordo com Janaina Tazoniero, “os eletrônicos, quando não recém-lançados e nem importados dos EUA, são baratos. MP3s e celulares são brindes comuns de compras e promoções”.
Internet discada nunca mais
Se os robôs não atendem às nossas expectativas, a internet é outra  conversa. No Japão, a velocidade da banda larga de fibra ótica para  pessoas físicas chega a 200 MB, o que é uma ótima pedida se  considerarmos que grande parte da população por aqui paga uma pequena  fortuna por apenas 1 MB de conexão.
Entretanto, diferente daqui, o que mais se usa para acesso à web são  os smartphones. Janaina Tazoniero, que morou em Chiba (cidade  metropolitana de Tóquio) em 2009, comenta que o laptop era usado apenas  para acessos rápidos, conectado por apenas poucas horas. Isso porque,  apesar da internet ser rápida, a energia elétrica é cara, ou seja, não  pode ser gasta à toa.
Em relação aos pontos Wi-Fi das cidades, a grande maioria está em  restaurantes, redes de fast-foods ou cafés, assim como no Brasil. E,  claro, a grande maioria não é aberta a todos, sendo necessário que você  possua a senha para acessar qualquer conteúdo.
Celulares para outras funções
Outra ideia que temos em relação ao Japão em termos tecnológicos é que toda a população está conectada por todos os lados com outros, seja por meio de celulares, computadores, tablets e muito mais.De acordo com Janaina Tazoniero, “os eletrônicos, quando não recém-lançados e nem importados dos EUA, são baratos. MP3s e celulares são brindes comuns de compras e promoções”.
O celular é equipamento indispensável para quem mora no Japão, porém  os aparelhos não são recheados de aparatos como os daqui, com jogos,  aplicativos e muito mais. A grande maioria da população utiliza  celulares mais simples, principalmente para a troca de mensagens,  atendendo à necessidade de forma diferente.
Janaina comenta que “Celulares são usados principalmente para  mensagem de texto e e-mails, não para falar. Em trens e metrôs, é  proibido toque alto de celular próximo de assentos especiais, e as  pessoas respeitam isso. Além de não conversarem dentro dos trens, por  privacidade e respeito ao próximo. Não cheguei a ouvir nenhuma vez toque  de celular (a não ser de estrangeiros) e som alto”.
Compre você seu eletrônico
Não é à toa que muitos descendentes que vivem no Brasil vão para lá  em busca de uma melhor condição de vida, pois ganha-se bem. Entretanto, o  custo de vida é alto, ainda mais quando se mora em grandes centros como  Tóquio.
Em se tratando de eletrônicos, porém, as promoções aparecem a todo o  momento, “além de ajuda do governo para a compra de novos equipamentos  ecológicos”, afirma Michele. A grande maioria das cidades traz três  opções de lojas de departamento, onde cada andar é dividido por  equipamentos eletrônicos (primeiro andar: computadores;  segundo andar:  câmeras digitais e assim por diante).
O Baixaki perguntou para os colaboradores se algum deles já havia  passeado por “Akihabara”, também conhecida como a “Meca” dos  eletrônicos. Somente a Janaina conhecia em detalhes o local, porém ela  comentou que ali é um bom lugar apenas para quem procura por partes  aleatórias de produtos,  por exemplo, para montar seu próprio  computador.
A coisa mais legal para quem recebe aparelhos eletrônicos “atrasados”  por aqui, entretanto, é a rapidez com que qualquer lançamento chega ao  consumidor final. Por ser um dos maiores fornecedores de tecnologia do  mundo, os produtos são lançados rapidamente (como as televisões 3D,  conta Michele).
O fato é que nós, brasileiros, somos muito mais ligados aos  lançamentos dos Estados Unidos do que ao que acontece no Japão,  principalmente por causa da diferença de idiomas. Mas mesmo assim, não  estamos fora dos lançamentos em televisões e outros, afirmam os que  colaboraram neste artigo.
O cotidiano no Japão
Ok, não existem robôs preparados para cumprimentar você e os  eletrônicos vivem em promoção, mas e a tecnologia no melhor estilo do  desenho “Os Jetsons”, nem no Japão? Segundo Janaína, a tecnologia está  ali principalmente para auxiliar as pessoas: “Em supermercados existem  os caixas de pagamento automático, você passa o código dos produtos e  paga com o cartão, sozinho, sem atendente (...) os elevadores são  super-rápidos e possuem sempre botões baixos para deficientes físicos.  Existem dicionários eletrônicos (como minicomputadores) e vários  formatos de mp3 players e câmeras.”
Ela continua, comentando que “Em casa, aparelhos eletrônicos ajudam  em várias funções, como painel digital para esquentar a água do  banheiro, a temperatura da casa, as luzes, ligar e desligar o fogão. O vaso sanitário  é totalmente eletrônico, abre a tampa quando você entra, esquenta o  assento e traz botões com desenhos, inclusive para emergências”. É uma  boa pedida ou não, hein Jetsons?!
As máquinas de comida
Outra “lenda urbana” que circula pelo mundo é que o Japão possui  máquinas automáticas que vendem, literalmente, qualquer coisa, com uma  em cada esquina. Michele comenta que existem até mesmo aquelas que  vendem cachorro-quente, além de bananas, café gelado, salgadinhos e  muito mais, mesmo em locais mais afastados.
É nos grandes centros que você encontra as máquinas mais diferentes,  explica Janaina. Enquanto em algumas esquinas as máquinas estão  separadas em alimentos frios e quentes (sim, você tira um café fervendo  da máquina), em outros existem opções ainda mais inusitadas.
Janaina conta que, em frente a um templo em Kyoto, comprou em uma  máquina um pote com o macarrão instantâneo e, ali mesmo você adicionava  água quente para cozinhar o alimento na hora. Até mesmo comida frita,  como frango empanado e batatas fritas aparecem em máquinas pela cidade,  para que os mais corajosos se aventurem naquele almoço rápido.
Criança é criança!
Diferente da evolução que vemos por aqui, crianças japonesas são  “crianças” no sentido estrito da palavra, até aproximadamente os 13  anos. Isso porque, conta Michele, “as crianças passam muito tempo na  escola e, em suas férias, a escola promove muito o esporte, além de  outras atividades artísticas e culturais”.
Porém, Diogo afirma que a unanimidade fica por conta do Nintendo DS,  uma febre na terra do Sol Nascente. Então, nada do PSP tomar conta das  terras de lá, afinal, quem manda no Japão é a Nintendo, pelo menos na  visão dos pequenos.
Nem tão diferente assim
Como você pode ver, nem tudo é o que parece ser, principalmente  quando se tratam de conhecimentos gerais, mais ligados ao senso comum.  Enquanto muitas pessoas acreditam que os robôs são unanimidade no Japão  (da mesma forma que no Brasil só tem floresta), a realidade é muito mais  interessante e plausível do que se imagina.
Portanto, se você acha que o Japão é outro mundo, pode ficar  sossegado, uma vez que a tecnologia continua andando nos mesmos passos  da globalização e, principalmente, da internet. Se um computador  completo com 57 mil opções de configuração e 300 placas de vídeo  aparecer por aí, o mundo inteiro vai saber!
De certo, vale a pena comentar que, apesar das diferenças e da  distância, não somos pessoas tão opostas assim, apenas contamos com  costumes e situações sociais diferentes. Além disso, nem sempre o  japonês do seu lado é um maluco por tecnologia que possui todos os  lançamentos do mundo, certo?! Fonte: Baixaki Postado por: ByCappa





 
 
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